VIDA QUE EU VIVI por Fausto Camunha

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1961.Folheando a Gazeta de Santo Amaro, jornal de bairro muito novo ainda, me deparei com um anúncio que pedia um redator. Tinha acabado de sair do Banco Noroeste, onde estava há três meses e era Office-boy. Já estava no 3º ano do curso clássico e sabia um pouco de português. Fui até a sede do jornal e lá o Armando da Silva Prado Neto, um dos donos, me recebeu. Fiz o teste, que era uma redação sobre a rua onde ficava a sede do jornal, com mais dez candidatos. Depois de dez dias o próprio Armando me telefonou dizendo que o lugar era meu. Ia substituir o Rolf Kuntz, já contratado pelo Estadão e onde está até hoje. Faltou dizer exatamente porque saí do banco.
Certo dia o meu chefe me mandou buscar uma chopeira na casa do gerente. A residência ficava há uns seis quarteirões do Banco. Toquei a campainha e vieram duas funcionárias carregando a chopeira. Para mim era enorme. Eu tinha 1,71m e só pesava 60 quilos. Disse a elas que não agüentaria levar sozinho e acabei voltando sem a bendita chopeira. Por causa disso fui despedido.

Voltando à Gazeta de Santo Amaro. Assumi o cargo de redator e repórter ao mesmo tempo, e qual não foi a minha surpresa quando soube que a minha primeira tarefa seria entrevistar o gerente do Banco Noroeste. Sim senhor. O mesmo que me despediu, Vasco Rasteiro. Evidentemente que, quando cheguei lá e pedi para falar com o “seu” Vasco, ele achou que eu queria o emprego de volta.

–  Vim entrevistá-lo para a Gazeta de Santo Amaro, disse eu, meio sem jeito.

–  Você está brincando comigo?

– Não estou não. Agora sou repórter e tenho que fazer uma entrevista com o senhor sobre esta agência, aqui em Santo Amaro.

Ainda embasbacado, ele ligou para o Armando, que confirmou tudo. Fiz a entrevista, justamente a primeira de toda a minha carreira. Depois conto mais…

2 COMENTÁRIOS

  1. Faaaaaaaaaaausto amigão você é demais ! Lendo essa daqui, percebe-se que, o que é bom, já nasce feito e você Fausto Camunha, se melhorar, estraga ! Tem pessoas que, do nada, sem querer, desencadeiam; transformam tudo, ao seu redor não é ? É um carisma e tanto, o qual, poucas pessoas tem, esse privilégio, ainda mais, no seu meio profissional, onde lhe é peculiar, trabalhar com a sociedade, por meio mágico da informação, uma vez que, sem ela, ficamos míopes, em matéria de vermos o mundo, a nossa volta Fausto. Eu acho muito legal, o que lhe aconteceu, unindo a circunstância, com a coincidência que, sem querer, deu-lhe uma lição de vida, indicando que, nós nunca devemos maltratar as pessoas, pelo simples fato de estarmos, hierarquicamente, graus acima dos nossos onde, quando menos se espera, um ato mal feito, gera outro, para as pessoas envolvidas e, vice versa. Eu Fausto amigo, na minha opinião, o que aconteceu é um grande exemplo para todas as pessoas, as quais, porventura tiverem a oportunidade de lerem, será de grande monta um inspiração como força emotiva para acreditarmos nas nossas habilidades, em termos profissionais e sobretudo culturais. Vemos casos, hoje, de pessoas como nosso bem dotado Ex Ministro do Supremo Tribunal Federal Sua Excia JOAQUIM BARBOSA, onde ele, quando mocinho, ajudava a senhora, sua genitora, a servir cafés, nas dependências do Supremo Tribunal Federal e que, nas horas vagas, pôs-se a estudar, inclusive portando vários idiomas. Houve um momento que ele, no Toilett, segundo noticiado por ele, começou a cantar ou falar, em francês e um dos ministros, à época se encantou, com a atitude do menino e, o colocou, para assessorá-lo, em seu gabinete, ensinando-lhe todas as formas, de execução dos trabalhos, com o intuito, de vê-lo formado. Se não me engano, o seu curso escolar, até a Universidade, fora custeado pelo Ministro! Nós colhemos, aquilo que plantamos, não é amigo ? Ipso facto, vai aqui amigo, finalizando, um grandessíssimo abraço ok? E lembranças, à senhora sua esposa, Lídia. Até sempre amigo Byy.

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