O TOGNETTI por Mário Rubial

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Tinha no máximo, 1.60 m e pesava uns 55 quilos. Alfaiate,  vestia-se elegantemente. Seu ateliê, ficava na Rua Líbero Badaró, num prédio ao lado da Casa Godinho. Sua semelhança com o Adoniran Barbosa, era impressionante. Conhecido por todos no centro de São Paulo, tinha clientes famosos e era o alfaiate preferido dos corretores da Bolsa de Valores. Quando lá chegava para uma prova, era recebido com aplausos e, muitas vezes, arremessado para o ar pelos clientes da Bolsa. E retribuía com carinhosos e cabeludos palavrões para alegria de todos. Pois era isso mesmo que eles esperavam.

Ermetio Tognetti, esse era seu nome completo, veio ao mundo com a missão de divertir a todos com sua alegria esfuziante. Conviveu conosco durante 95 anos, nos deixando em 2004.

Tognetti tem muitas histórias. Contarei duas.

Figura conhecidíssima em todos os restaurantes do centro. Bastava ele entrar, para todos atentarem para aquela figurinha franzina, de olhos pequenos mas sempre espertos. Os garçons paravam e logo se ouviam as saudações vindas de algumas mesas. E claro, retribuídas com os sempre amáveis palavrões.

Os garçons tinham um comportamento estranho com relação ao Tognetti. Ao mesmo tempo que o adoravam, evitavam ao máximo aproximarem-se dele no momento de servir os pratos. Serviam à distância. Esticavam o braço para entregar o prato, mantendo o resto do corpo o mais distante possível da mesa. Mas porque isso? Porque se chegassem mais perto, o Tognetti apertava o saco do infeliz e ordenava:

– Se quiser  que eu solte, assobia, seu…***

Não havia tristeza ao lado do Tognetti. Tinha uma capacidade incrível de aglutinar pessoas mesmo que não se conhecessem. Um amigo levava o outro, o outro levava mais  um, e os almoços semanais eram uma grande festa, com pelo menos 10 pessoas por evento. E muita, muita risada.

Dirigiu seu próprio carro até os 90 anos, quando sua filha Henriette convenceu-o, com toda a razão, do perigo a que estava exposto. Relutou, relutou, mas aceitou.

E passou a andar de ônibus divertindo  e xingando todos. Afinal, fdp era seu bom dia e boa noite.Mas sempre dito com muita graça. Rigorosamente ninguém ofendia-se.

Na nossa turma, hoje denominada Confraria Ermetio Tognetti, havia outra figura peculiar: O Mesquitinha. E que, mais a frente, vai render histórias saborosas.

Mas  o Mesquitinha era um tanto distraído quando dirigia seu carro. Sempre ultrapassava os limites de velocidade. Boêmio, as multas eram aplicadas após as 22 horas.

Mas aí as multas começaram a se acumular, quase estourando o limite de pontos.

Surge a ideia brilhante:

– Tognetti, posso transferir os pontos para sua carteira? pergunta o Mesquitinha.

E responde o nosso herói:

– Claro, seu ***. Mas será muito engraçado, quando verificarem que o motorista que anda a 120 km/hora na Marginal, é um cara de 90 anos. E você vai lá explicar!

Pouco tempo atrás, a Confraria reuniu-se no ótimo Restaurante Itamarati para relembrar nosso querido Tognetti. Muita, muita risada relembrando as passagens do nosso eterno líder.

Com bastante cerveja e comidinha honestíssima.

E lá, tem um cordeirinho…

ITAMARATI – Rua José Bonifácio, 270. Em frente ao Largo de São Francisco. Telefone – 3241-2545. Centrão de Sampa.

FRASE DE BOTECO

“A Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo.” (Millôr Fernandes)

Mário Rubial é Jornalista e escritor

1 COMENTÁRIO

  1. Comentário ? aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaak kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk aaaaaaaaaaaaaaaaaaaak kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk aaaaaaaaaaaaaak seria cômico, também, se fosse primo do ” Costinha ” e amigo do ” Jorge Loredo ” ( Zé Bunitinho ) kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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