O PAPA NÃO MORREU ! por Fausto Camunha

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Lembro-me  do “seu” João Saad sempre com muito carinho. Quando aconteceu o grande incêndio na emissora, no Morumbi.,  a  TV Bandeirantes já tinha sido inaugurada. Numa manhã, estávamos todos na redação quando entrou o Fernando Solera, gritando:

– Vamos sair daqui. O prédio está em chamas…

Alguns acharam  que era brincadeira, mas não era não. Saímos correndo. O fogo destruiu boa parte das instalações, principalmente na área da TV. Levamos as máquinas de escrever para o pátio da emissora, onde redigíamos os noticiários. Os locutores também liam as notícias do pátio.  Em dado momento levei um baita tombo e cortei o joelho. Quem me socorreu e levou ao hospital – era o Darcy Vargas, bem em frente, foi  “seu” João Saad. Só saiu de lá quando soube que estava tudo bem e depois de vinte pontos na costura do joelho.

Lourival Pacheco, responsável pela minha entrada na grande imprensa, nos deixou em setembro de 2010. Dono de uma voz grave e incrível, Lourival ficou viúvo de “dona” Lucia há alguns anos. Tiveram dois filhos: Ricardo e Eduardo. Já não vinha muito bem de saúde desde os anos 2.000, mas era muito otimista e jamais deixou de circular entre os amigos. Algumas passagens engraçadas marcaram sua passagem pela Bandeirantes: lia um noticiário quando avistou uma mulher no controle de som. Afastou-se do microfone e perguntou bem baixinho ao companheiro da bancada:

– Quem é a capivara?

O colega de bancada respondeu de pronto:

– É a minha mulher…

Em outra oportunidade ele anunciou, por um grande descuido do redator de plantão, a morte do Papa Pio 12. A notícia tinha vindo de uma agência internacional, que em seguida corrigiu. O Papa tinha entrado em coma profundo. Lourival entrou de novo no estúdio e saiu-se com esta:

– Lamentamos informar que o Papa não morreu…

Lourival trabalhou na Rádio Bandeirantes por 45 anos. Apresentou os principais noticiários da emissora, como “Primeira Hora” e “O Nosso Correspondente” e durante muito tempo foi titular absoluto do programa “ Porque hoje é sábado”. Sempre alegre e brincalhão, Lourival deixou uma penca enorme de amigos, entre os quais eu me incluo.  Foi meu padrinho de casamento e sempre que me encontrava reclamava,  do preço da enceradeira que  deu de presente de casamento. “Paguei uma nota. Nunca me esqueço”, dizia ele.  Foi embora  aos 75 anos, deixando muita saudade.

 

 

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