OI, SADAO, NICE TO MEET YOU, MEU CHAPA por Mário Rubial

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Foi mais ou menos assim que começou o meu papo com o grande músico japonês Sadao Watanabe.

Para quem não sabe, Sadao é um talentoso saxofonista. Tem mais de 80 anos e, sinceramente, não sei se continua na ativa.

Mas o que tem a ver Sadao com esta crônica?

Numa das minhas viagens a NY, estava acompanhado do meu amigo José Amâncio. Sim, ele mesmo, o cara que me fez carregar um edredom em pleno verão de NY, cuja história narro em crônica já publicada neste blog.

O Zé Amâncio,entre múltiplas atividades no show business, também foi sócio, num determinado momento, da gravadora VELAS, que tinha como sócios fundadores Ivan Lins e Vitor Martins.

Certa vez, Zé Amâncio recebeu um telefonema do Zuza Homem de Mello que dizia ter descoberto no fundo de um armário uma fita inédita de um show da Elis Regina, gravada no Anhembi. E perguntou se ele gostaria de aproveitar o material e lançar um CD pela Velas. Trato feito, disco lançado.

Lançamento realizado, um pouco antes da nossa viagem a NY.

Sabendo que César Camargo Mariano estava em NY, resolveu levar o tal CD para presenteá-lo. Como devem saber, César e Elis foram casados.

Numa tarde de folga, vira o Zé Amâncio para mim e dispara com seu inconfundível vozeirão:

– Ô Rubial, vamos visitar o César. E você vai conhecer o melhor estúdio de gravação do mundo.

Estávamos em 1998. E lá fomos para Greenwich Village.

O táxi parou em frente a uma porta bem velha de madeira, daquelas parecidas com as de modestas casas de bairros humildes.

O Zé tocou a campainha e eu não pude deixar de comentar:

– Pô, isso é “o melhor estúdio do mundo”? Ironizei…

Abre-se a porta, o Zé explica o motivo da visita e lá fomos nós descendo um corredor que parecia uma gigantesca serpente, cheio de curvas, com as paredes pintadas com imagens supercoloridas.

Arrisquei:

 

– Ô Zé, parece pintura psicodélica. E acho que estamos descendo ao centro da terra, não paramos mais…

Responde o Zé Amâncio:

– Ô Rubial, você está entrando no Electric Lady Studio que pertenceu ao Jimi Hendrix. E foi construído lá embaixo para que não houvesse nenhuma possibilidade de ruído externo.

Chegamos!

Lá estava o César, acompanhado de um Engenheiro de Som, terminando o último disco do Sadao.

Enquanto conversavam, sentei no único lugar disponível: ao lado do Sadao.

Ele olhou pra mim, eu pra ele e soltei um:

– Oi Sadao, nice to meet you, meu chapa.

E começamos um papo de alguns minutos. Ele perguntando se eu também era brasileiro, se tocava algum instrumento e tudo num inglês perfeitamente incompreensível.

Mas deu para pegar o sentido. Fiz um breve comentário num inglês também absolutamente incompreensível, ele sorriu, nos cumprimentamos, e saí acompanhando o César e o Zé Amâncio.

Como amante do jazz instrumental, foi uma grande experiência. E só não pedi autógrafo porque morro de vergonha.

É engraçado como a vida nos surpreende. Quando poderia imaginar uma situação dessas?

E aviso: numa próxima crônica, vou contar mais uma surpresa que a vida me preparou.

Vocês lembram da música do Vandré, Disparada?

É dela que vou falar.

 

DICA DE RESTAURANTE

DIE MEISTER STUBE

Restaurante alemão, mas com várias opções da gastronomia internacional. Lugar aconchegante e que, de segunda a sexta-feira, apresenta um ótimo cardápio executivo a preços bem razoáveis.

Fica dentro de um clube na Rua Barão do Triunfo, 1213

Tel.: (11) 5536-4982

Campo Belo – Sampa

 

 

FRASE DE BOTECO

“As palavras, como as abelhas, têm mel e ferrão. ”

Provérbio suíço

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