TODAY AMENITIES por Kiko Campos

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A fauna de usuários do metro de São paulo é vastíssima. Há até alguns humanos. Comportamentalmente três tipos se destacam: o apressado, o sem pressa e o pamonha. Por facilidade e licença narrativa vou usar tudo no masculino, mas claro que o comportamento é comum a ambos os sexos.
O apressado, como o nome está a dizer, é o doido. Corre para entrar no trem. Corre para sair. Corre na escada rolante. Quando há lugar no bancos, o que é raríssimo, corre para sentar. Dá trombada em todo mundo. Enfim, um bosta.
O sem pressa,categoria em extinção onde me enquadro, deixa o apressado passar, arranja um cantinho longe da porta – que está lotada de doidos apressados para serem os primeiros a saltar – e observa a fauna. Ninguém olha para ninguém. Nas estações, o sem pressa é sempre o último a descer do vagão e aguarda na plataforma a muvuca diminuir na escada rolante para então seguir seu caminho. Aprendeu a administrar esse inferno e consegue ter um pouco mais de qualidade.
E tem o pamonha. Ah! o pamonha. Está sempre perdido. Normalmente é recém chegado na cidade e não faz a menor ideia das dimensões desta megalópode. Foi morar na casa de um primo em A E Carvalho e precisa ir ao INSS de Santo Amaro. Mapas impressos nunca ouviu falar e GPS é nome de posto de gasolina. O primo orienta: pega o metro e o trem. E lá vem o infeliz. Não tem a menor noção de onde está. Salta nas estações e parece peru embriagado. Vai para a direita, volta, breca, leva trombada dos apressados, até que encontra um sem pressa e cabisbaixo pergunta:
– Moço, o sinhô sabe onde eu pego o trem para Santo Amaro?
Explico.
Vou encontrá-lo novamente perdido e rodopiando na Estação Pinheiros da linha amarela do metro, meu ponto de descida. Ao me ver sorri. Explico onde pegar o trem.
Agradece e lá vai o pamonha se perder em Santo Amaro.
São Paulo não é fácil.

 

KIKO CAMPOS

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