REVISTA GLOBO RURAL: COMO TUDO COMEÇOU por Mário Rubial

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Globo rural, como programa de TV, já existia.

Em 1985, fui levado pelos meus amigos Gerson Cury e João Noro para a Editora Rio Gráfica, posteriormente Editora Globo.

Uma nova fase da empresa, com apoio da Rede Globo. Significava que podíamos usar propriedades da TV em projetos editoriais.

O primeiro foi uma série de livrinhos “água com açúcar”. Romances inspirados nas novelas da TV, tipo: “Irmãos Coragem”, “Água viva”etc.

Foram 12 temas, que eram anexados nos pacotes de OMO e Confort como brindes para os consumidores. O famoso gift-pack.

Mais de 7 milhões de livrinhos. Estrondoso sucesso.

Na sequência, o Noro sugeriu fazer revistas oriundas de programas da TV. Como os profissionais de TV sabem, o tempo de um programa limita o conteúdo. Uma matéria deve ser apresentada dentro de um tempo determinado, não pode estender-se nem um minuto a mais. Simples assim.

E como fazer para aprofundar a matéria da televisão, limitada pelo tempo?

Aí vem a genialidade de quem conhece: o Noro procurou o Humberto Pereira, idealizador do programa na TV, sugerindo a criação da revista para detalhar o que o programa da TV não podia fazer por causa da limitação de tempo.

Baita sucesso. Para vocês terem uma ideia, o “arriscado” projeto tinha uma tiragem inicial de 120.000 exemplares. Uma loucura para a época. Imaginem, uma revista destinada à agropecuária com 120.000 exemplares! Coisa de louco! As concorrentes estavam a léguas de distância desse número.

Pois bem, o número 1 teve 120.000 exemplares, uma reimpressão de mais 80.000 e, para acalmar os jornaleiros que protestavam em frente à Editora Globo, imprimimos mais 30.000!

Total: 230.000 exemplares.

E o mais curioso: meses depois, imprimimos mais 30.000 exemplares dos números 1 e 2, para atender os colecionadores. Alguém já viu isso?

Um detalhe: o custo do projeto foi absolutamente insignificante: alguns almoços e jantares entre o Noro, o Humberto e eu, que ajudei na parte publicitária.

E, claro, teve momentos hilariantes, como a foto de capa da edição número 3.

O tema sugerido foi falar do boi pantaneiro. O baguá, boi selvagem daquelas plagas.

E, como todos devem saber, nenhum selvagem faz pose para tirar foto. Principalmente o baguá.

Tentaram tirar uma boa foto do boi. Quietinho, de preferência “sorrindo”. Não teve jeito. O baguá estava arisco, querendo matar o fotógrafo.

A melhor foto conseguida, depois de muita discussão, foi uma toda tremidinha, que ilustraria a capa. Olhem só a responsa: a capa!

Prazo de gráfica para a impressão, compromisso de lançamento no dia anunciado e lá foi a Globo Rural número 3 para as bancas.

Como de praxe, os primeiros exemplares impressos eram levados para o Rio de Janeiro, na sede da Editora Globo, que ficava no bairro do Rio Comprido.

Reunião com a diretoria. Apresentamos a revista.

Elogios, aplausos e o Oscar Neves, nosso Diretor Geral, faz a seguinte observação:

– Vocês não acham que a capa, com a foto do baguá, está tremida, fora de registro? E olha para mim.

Respondo, canalhamente:

– Oscar, era necessário dar “vida”, “realidade” para um boi selvagem. Por isso, escolhemos essa foto tremida para dar…movimento, ação…

Continua a reunião.

Depois de uns 20 minutos, fez-se um silêncio. Ninguém falava.

O Oscar vira para mim e, docemente, diz:

– Filho da puta, foto tremida para simular realidade? Sacana!

E caímos todos numa escandalosa gargalhada.

Mas a revista Globo Rural, continuou vendendo muito.

 

DICA DE RESTAURANTE

BAR LUÍS

Estou falando do Bar Luís do Rio. Não confundir com o bar do “seu” Luís na Av.do Cursino, 1210, em Sampa. Maravilhoso, mas falo dele em outra crônica.

 

O BAR LUÍS DO RIO

Rua da Carioca, 39. Centro do Rio. Fundado em 1887.

Comam tudo o que for possível e bebam o maravilhoso chope.

 

FRASE DE BOTECO

“O preço da Justiça está no canhoto do meu talão de cheques.”

Sérgio Naya*

* Bem antes do Sérgio Moro

 

 

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