CAZZO, SE NO TE FA PIACERE, VA VIA! por Mário Rubial

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Recebi do meu amigo Sérgio Paiva um daqueles e-mails engraçados. Contava sobre um restaurante em Roma – Parolaccia – que significa “palavrão” em italiano.

Lá você é atendido com todos os palavrões possíveis, é ofendido a toda hora e, se não gostar, dane-se.

Lembrei de histórias semelhantes, que conto agora.

Lá pelos anos 70, havia uma trattoria na Rua Turiaçu, Perdizes. Comandada pelo Michelle, um ex-marinheiro italiano, que atendia as mesas. A cozinha era tocada pela Dona Rina, sua esposa.

O Michelle não tinha meias-palavras. Se não gostava da pedida do cliente, dava uma bronca, trocava o prato e…vá reclamar com o Papa!

Dona Rina fazia um filé à parmegiana sensacional! A Cris adorava.

Certa vez pedimos o filé. As porções eram generosas e a Cris não conseguiu liquidá-lo.

Chega o Michelle, com seu portuliano tradicional.

– Signora, num gostô do fileto?

– Claro que eu gostei, estava ótimo.

– E perche no pediu uma porçon menore, cazzo?

E todo mundo gostava. Até porque ele falava sério, acreditam?

Teve uma outra passagem muito boa, com minha mãe.

Lá por volta de 1990, Dona Nair queria porque queria visitar suas amigas na Itália, principalmente em Bologna.

Um pouco debilitada, queria fazer, e infelizmente era verdade, uma última viagem àquela simpática cidade.

Na época, eu trabalhava loucamente. Tentei alguns parentes para acompanhá-la, mas, não teve jeito. Ninguém podia.

A Cris deu o ultimato:

– Se vira e acompanha tua mãe. Se ela morrer antes da viagem, você vai sofrer o resto da vida.

Ajeito aqui, arrumo ali e lá fui com Dona Nair para a Itália.

Duas semanas.

Arrumei um hotel na Via de La Independenzza. Quartos conjugados. Tinha  privacidade e também podia cuidar da minha mãe.

Foi delicioso. Curti minha mãe, ouvi histórias maravilhosas e ela passava os dias com as amigas em Bologna e em Castel Sampietro, um povoado muito próximo.

Antes de partir para Bologna, pedi algumas dicas aos amigos viajores.

Heitor e Noro, que sempre participavam das feiras de livros em Bologna, deram algumas dicas.

E uma delas foi uma trattoria cujo proprietário me lembro perfeitamente bem. E que remete ao título da crônica.

O Heitor deu a dica:

– Cara, o italiano é antipático, grosseiro, mas a comida… é dos deuses.

Não lembro o nome da trattoria, mas o dono era uma peça.

Sentamos à mesa, eu, minha mãe e as tias Matilde e Liliana.

Cappeletti per tutti.

Minha mãe pegou o queijo ralado e distribuiu, abundantemente, pelo cappeletti a la panna.

E aí vem a situação engraçada, com a chegada do dono no momento que minha mãe jogava o queijo, ge-ne-ro-sa-men-te, sobre o cappeletti.

Esbraveja o gordinho:

– Signora, piano com questo formaggio, perche costa molto soldi…

E saiu, dando uma piscadela para mim, rindo de canto de boca, deixando minhas tias indignadas com a grosseria do patrício.

E no final, foi uma bela viagem. Fiz a vontade de minha mãe e curti muito a bela cidade de Bologna.

E para terminar: enquanto minha mãe passava os dias com as “zias”, eu curtia os botecos da Via Independenzza e Piazza Del Nettuno.

Nesta última, contaram-me uma história interessante.

Na praça do cara, claro, tinha uma estátua do próprio. E como toda a obra renascentista predominava o nu. Sim, todo mundo com as “vergonhas” de fora, rsrsrs…

Pois bem: a história é que o Nettuno tinha um baita bilau. E as “donnas”de Bologna falavam para os maridos:

– O Netuno sim, tinha um bello cazzo. Não essa porcaria que você tem entre as pernas.

E segundo a lenda, ou, a verdade, a Prefeitura mandou “reduzir” o bilau do Netuno.

E a paz voltou a Bologna.

Será?

 

DICA DE BOTECO

Fica em Santos:

AL KABU – Culinária Libanesa

Rua João Tibiriça, 28 no Gonzaga

Tel.: (013) 3289-1093

As esfihas são espetaculares. A massa é de uma suavidade incomparável.

Vale a pena.

 

 

FRASE DE BOTECO

 

Colhida do magnífico livro de Ricardo Amaral e Raquel Oguri, A Cara do Rio:

 

“Ademar Casé, avô da Regina, lá pelos anos 20, foi para o Rio de Janeiro.

Era um grande vendedor e, entre outras coisas, foi um publicitário de sucesso.

Contratado por um laboratório, que fabricava um remédio chamado Manon Purgativo, teve de criar uma campanha para vender o bendito purgante.

Bem relacionado, chamou o Nássara, cartunista e um dos grandes compositores de marchinhas de carnaval: Allah-la-ô, Periquitinho verde e outras, para criar o texto.

Vejam só o que foi para o rádio, a grande mídia da época:

Um casal de noivos brigou. E ele, arrependido, quis fazer as pazes e se aconselhou com a sogra, pois a noiva estava irredutível. Sugeriu um presente, comprou-lhe uma joia caríssima. Não fez efeito.

 Deu-lhe um casaco de peles. Não fez efeito.

Então, lembrou-se de dar a ela um Manon Purgativo. Ahhhh! Fez efeito!

Manon Purgativo, à venda em centenas de farmácias e dro-

garias.

 

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