Entrevista com especialista desmistifica as cooperativas de crédito

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Com uma politica econômica fragilizada e perspectivas não muito otimistas a curto prazo, investir em uma Cooperativa de Crédito é uma excelente opção. Diferente do método tradicional em muitos aspectos, numa cooperativa, além de taxas mais atrativas, o cooperado torna-se sócio da instituição, participando inclusive dos lucros.
A Alemanha é um dos berços deste conceito financeiro. Com um sistema sólido e consistente, tem chamado a atenção do mundo pela singularidade de seu modelo econônico.
Nesta entrevista, Dr. Stefan Darfener, que é Engenheiro Industrial e Gerente de Produto da ADG, empresa alemã especializada em desenvolvimento de projetos do sistema financeiro internacional, explica durante sua visita ao Brasil, como as Cooperativas de Crédito podem evoluir competitivamente a curto prazo no País.
1. Qual é o motivo da sua visita ao Brasil? Você veio a trabalho ou a estudo sobre o sistema cooperativo?
R. Nós estamos há alguns anos recebendo visitas de representantes de cooperativas de crédito do Brasil, e já estava na hora de visitarmos o Brasil para estreitarmos os laços e retomar o contato com os amigos. Dialogar e estudar grandes sistemas e alargarmos as possibilidades de cooperação.

2. Como isso pode acontecer?
R. Existem várias possibilidades. Já existem missões de estudos organizados pela CONFIBRAS, em que grupos visitam Cooperativas na Alemanha em programas de uma semana de duração. Também existem pessoas que vem à Europa em estudo e também visitam a Alemanha durante vários dias. Federações e Confederações oferecem cursos de duas semanas de duração aqui na Alemanha, voltados ao cooperativismo.

3. O sistema alemão é imensamente maior que o brasileiro e nós temos muito o que aprender com vocês. Tem alguma coisa que o sistema alemão aprende com o Brasil?
R. Sim. No que diz respeito ao relacionamento com o associado, programas sociais voltados a eles, que é praticado no Brasil. Na Alemanha não há essa comunicação, na minha opinião, embora haja demanda para esse tipo de ação.

4. A curto prazo, o que o sistema brasileiro precisa aprender com o alemão?
R. Eu não chamaria de aprendizagem, pois o conceito de aprender nesse sentido, daria a impressão que aquilo ainda não existe. Basicamente, nós temos duas grandes diferenças entre os sistemas alemão e o brasileiro. No Brasil, as cooperativas de crédito só fazem negócios com seus associados, enquanto que na Alemanha, existe a possibilidade de negociar com quem não é associado.
No que se refere especificamente às cooperativas de crédito, na Alemanha temos um único sistema de cooperativa, enquanto no Brasil existem pelo menos 5 grandes sistemas que atuam paralelamente na abordagem do mercado.

5. Você vê isso como um problema ou como uma coisa natural em um País com dimensões continentais como o Brasil?
R. Eu não chamaria de problema. Temos que considerar também o período de tempo de atuação das cooperativas no Brasil. Na Alemanha, há 40 anos atrás, também existiam 2 sistemas de cooperativas de crédito que se fundiram. Nós não começamos logo com um único sistema.
Mas eu diria com certeza que teriam melhores chances se fossem menos sistemas abordando o mercado. Encurtando os custos, a eficiência seria outro aspecto. E com certeza, essas são realidades que tem a ver com a atuação das cooperativas e que assumirão uma importância cada vez maior.

6. Se hoje você pudesse dar um conselho aos diretores das cooperativas, o que você diria?
R. Eu não me permitira aconselhar ninguém. Não tenho idade, nem experiência para isso. Eu poderia apenas relatar situações que aconteceram na Alemanha, que foram vantajosas quanto comparadas aos sistemas que atuam no Brasil.
Eu apenas diria para continuar atuando nessa mesma linha que está sendo praticada, vivendo esse relacionamento estreito com o associado. Mantendo, representando e enfatizando os valores cooperativistas. Porque na minha opinião, o cooperativismo é uma forma societária muito específica que continuará sendo vivenciada.

7.Como você vê o atual momento do cooperativismo brasileiro?
R. Pelo que temos percebido nesta viagem, as perspectivas de futuro das cooperativas no Brasil são muito promissoras. Olhando as linhas de crescimento em todos os sistemas, é algo muito positivo. Eu não conheço todos os detalhes da atuação da política, mas a dependência política nesse âmbito causará problemas a longo prazo. É por isso que é importante apostar na independência da política, vivendo e praticando os princípios cooperativistas no futuro.

8. Você acredita então, no sistema cooperativista brasileiro?
R. Sim.

9. Como a experiência do modelo alemão, respeitando as diferenças, pode contribuir com o sistema brasileiro?
R. Pelas afirmações que foram feitas por um grande número de representantes de cooperativas brasileiras na Alemanha, que levaram a alterações ou reformulações em muitos casos, no cooperativismo brasileiro. Pode ter a ver, por exemplo, com a estrutura governamental. Um outro ponto seria o FGCOOP (Fundo Garantido às Cooperativas), que foi desenvolvido no Brasil há alguns anos e ainda as auditorias que são obrigatórias nas cooperativas brasileiras.
Existem portanto, vários aspectos que podem ter sido influenciados pelo modelo alemão. Eu sei que temos perto de 160 anos de história no cooperativismo na Alemanha, com grandes diferenças estruturais. E ao longo desses anos, fizemos muitas experiências, inclusive negativas.
Encontraram muitas dificuldades?
Eu não chamaria de dificuldades, mas passamos por várias etapas buscando a evolução, e essas situações que resultaram em dificuldades, não precisam se repetir.

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