Em junho de 1993 fui contratado pela TV Globo, com a missão de criar um departamento para licenciar as marcas exibidas no vídeo.
E começamos com a TV COLOSSO, programa infantil que fez muito sucesso na grade matinal. Uma turma de cachorros, representada por bonecos, liderada pela Priscila, uma SheepDog bem charmosa, que fazia o papel de apresentadora de uma emissora de televisão…canina. Uma magistral criação de Luiz Ferré e Roberto Dornelles, com a competente direção do Boninho.
Logo de cara, licenciamos vários itens: brinquedos, revistas infantis, álbum de figurinhas, roupas e mais uma infinidade de produtos.
A TV Colosso era produzida por uma empresa liderada pelo José Amâncio, profissional vitorioso da televisão.
Anualmente, no mês de junho, era realizada em Nova York o Licensing Show, feira onde eram apresentadas as últimas novidades do mercado. Eu marcava presença todos os anos.
Numa delas fui acompanhado pelo José Amâncio.
Reuniões no evento, missão cumprida.
Eu tinha uma encomenda do Heitor Paixão, meu amigo já citado em outras crônicas. Ele queria, naquela época, um aparelho chamado Explorer ou qualquer coisa nesse sentido. Acho que foi o tataravô desses modernos games, utilizados atualmente.
O Zé Amâncio disse-me que a única coisa que ele iria comprar era um edredom de penas de ganso, pois havia prometido para sua esposa.
Fomos a uma loja de eletrônicos comprar o tal Explorer para o Heitor. O vendedor disse-me que não tinha em estoque, mas comprometia-se a entregar no hotel.
No último dia, com as malas já prontas, fomos comprar o edredom. Era uma manta superleve mas…ennnooorrrmmmmeee. Não cabia, sequer num taxi. A única alternativa: levar “no braço” o leve, mas gigantesco, edredom para o hotel, que ficava a uns dez quarteirões de distância. Combinamos que revezaríamos no transporte do edredom –cada um de nós carregaria por um quarteirão. E assim foi feito. Um troço estranho: um cara carregando um bruta volume pelas ruas de Manhattan sob um sol de quase 40º.
No dia do retorno, descemos para fechar a conta. Como a encomenda do Heitor não havia chegado, liguei para a loja cobrando a entrega. O atendente tranquilizou-me dizendo que já estava a caminho.
Realmente: no saguão do hotel, enquanto finalizava minha saída, chega um cara gritando:
– Mr. Rubial, Mr. Rubial….
Apresentei-me. Assinei o documento de recebimento e, quando olhei para a caixa, o volume era enorme. O Zé Amâncio, com aquela expressão filosofal, olha para mim e pergunta:
– Ô Rubial, esse Heitor é mesmo seu amigo?
Paguei o mico, rsrsrs… e voltamos ao Brasil.
Em fevereiro do ano seguinte, o José Amâncio me convida para seu aniversário.
Feijoada gostosa, presentes muitos amigos e a mãe do José Amâncio, uma senhora muito elegante, acompanhada pelo marido.
O Zé me chama de lado e fala:
– Lembra do edredom, com penas de ganso em NY?
– Claro, respondi. Quem esqueceria daquele mico?
O Zé Amâncio olha pra mim e diz com alguma vergonha:
– Pois é, amigo, o Bepo, marido da minha mãe, importa penas de ganso e fabrica edredom no Brasil!
Não bati no José Amâncio porque gosto muito dele. Até porque ele é bem mais forte do que eu.
Mas não se preocupem: somos amigos até hoje. Apesar do edredom.
Falando em Nova York, sugiro:
A melhor carne do mundo, é no PETER LUGERS. Fica no, 178 Broadway, Brooklin, NY.
FRASE DE BOTECO
“Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.”
Tom Jobim
Sensacional! Grande abraço. Maurinho.’.