Já falei do Sérgio Paiva em outra crônica. Um amigo querido, absolutamente solidário com o mundo. Só para se ter uma ideia desse cara, ele, semanalmente, escolhe uma instituição que acolhe velhinhos. Nem os conhece. Mas vai para uma palavra amiga, um afago, qualquer gesto carinhoso.
E conhece meus hábitos. Minhas preferências. Tanto que me brindou na semana passada com um belo presente: MEMÓRIA AFETIVA DO BOTEQUIM CARIOCA. Livro lindíssimo, ricamente ilustrado e que conta a história dos mais emblemáticos botequins do nosso Rio de Janeiro. De autoria de dois craques, Paulo Thiago de Mello e Zé Octávio Sabadelhe, editado pela editora José Olympio, é imprescindível para os apaixonados por botecos.
Poderia citar várias definições de frequentadores famosos, antenados a essa paixão nacional e internacional. Sim, internacional e de tempos imemoriais. Desde que o mundo é mundo – desculpem o clichê – o bar, a taberna, o pub, o boteco, a estalagem e sei mais lá o quê estão presentes na história da humanidade. Disse-me o João Noro, outro botequeiro juramentado, que o boteco mais antigo do mundo, e ainda em funcionamento, fica em Praga. Mas por via das dúvidas fui procurar no…tio Google. Amigos, fiquei confuso, de cara uma informação: Tem um boteco na Irlanda chamado Seans Bar, com 1.100 anos! Ou seja, os caras bebem desde que o mundo é mundo! E tem muitos outros. Quem não estiver bebendo num boteco, vá pesquisar. E vamos deixar as definições para outra crônica.
Mas estava falando do maravilhoso livro que ganhei do Paiva. E, como meus poucos leitores e muitos amigos sabem, sou apaixonado pelo Rio de Janeiro. Conheço muitos, muitos botequins de categoria nessa botequineira cidade.
Mas conto uma passagem que eu e Gerson vivenciamos numa das semanas que fomos ao Rio.
Determinada noite, calor carioca, decidimos: vamos à Lapa! Ouvir um samba genuíno e, depois, mandar uns bolinhos de bacalhau e cabritinho no Nova Capela, na Mem de Sá. Pronto! Resolvido.
Eu e o Gerson temos um defeito: a responsabilidade do horário. É quase uma doença. Somos os primeiros a chegar num casamento, num almoço, e por aí vai. No caso da Lapa não foi diferente.
Chegamos no pedaço por volta de 19 horas.
Eu disse ao Gerson:
– Vou levá-lo ao Carioca da Gema.
Lá chegando, uma surpresa: local meio apagado, faxineira lavando a entrada.
Pergunto à moça:
– Quando começa a bagunça?
– Ah moço, lá pelas oito da noite.
Eu e o Gerson, conformados, combinamos:
– Vamos dar um tempo num boteco e depois voltamos.
Pronto!
Lá pelas oito da noite, nos apresentamos. Preocupados, pois a casa deveria estar lotada.
Porra nenhuma. Os dois ansiosos foram os PRIMEIROS!
Entramos. Ocupamos uma das muuuiiitttaaasss mesas disponíveis.
No pequeno palco, três músicos: violão, bateria e contrabaixo.
Como eram profissionais competentes e responsáveis, cumpriram o horário contratado. E começaram a cantar.
Amigos, ficamos no céu. Três fantásticos músicos, cantando para os dois velhinhos.
E nós, conhecedores de muitas músicas, cantávamos com eles.
Num determinado momento, o vocalista dirige-se à “imensa plateia “ – eu e o Gerson – e diz:
– Amigos, não os conheço. Mas ficamos impressionados e agradecidos com tanta vibração e domínio de TODAS as letras.
Agradecemos, aplaudimos novamente, e fomos ao Nova Capela para arrematar aquela maravilhosa noite.
Somente nessa hora, a turma começa a aparecer. Dez da noite!
Às vezes, vale a pena chegar cedo!
O Carioca da Gema fica na av. Mem de Sá, 79 pertinho dos Arcos da Lapa.
E na mesma rua, 96, fica o Nova Capela. Vá de cabrito e bolinho de bacalhau.
FRASE DE BOTECO
Para o meu amigo Juan:
Três espanhóis, quatro opiniões.
Provérbio espanhol
Marinho mais uma historia legal,estou virando bute queiro por causa destas suas historia e certeza
que em breve iremos saber da historia da “GLORINHA”
FORTE ABRAÇO
Paulinho,
Vou chamar o Gerd para que conte “direitinho” a história da Glorinha, rsrsrs