EITA, DONA CONSTANÇA, VAI LIBERAR? por Mário Rubial

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Uma das minhas paixões é o Nordeste. Pela sua gente, suas histórias e porque ao longo da minha vida colecionei inúmeros amigos dessa região tão contagiante.

É tanta gente que não cabe numa simples crônica. Mas destaco um queridíssimo, José Alcione Pereira, que tenho certeza, é unanimidade. E que, numa próxima crônica, vou contar histórias deliciosas desse potiguar de Caicó. Aguardem!

Nos bons tempos do Pasquim, Luiz Lobo colecionou algumas histórias que publicadas no inesquecível jornal, foram um sucesso.

Conto duas que lembro e remetem ao título. E aqui peço desculpas ao meu editor pelas palavras mais ou menos obscenas,  mas que são normais no nordeste.

Um “causo” de homem apaixonado que não sabia como se dirigir à amada e declarar seu amor.

Pediu ajuda a um amigo que aconselhou:

– Faça uma poesia, declarando suas intenções.

E o apaixonado pretendente, diante da amada, recitou o seguinte:

Prezada Dona Constança

Espero que consintais

Por o por onde mijo

No por onde vós mijais.

E mais uma, lembrando que o nordestino tem três princípios de vida:

Não ser chamado de ladrão, filho da puta e corno.

E numa certa bodega do interior do Rio Grande do Norte, o dono, cansado de levar o cano dos fregueses, resolveu colocar uma tabuleta com os seguintes dizeres:

Para que não haja transtorno

Aqui neste barracão

Só servimos fiado a corno,

Filho da puta e ladrão.

Solucionado o problema.

E para encerrar essa homenagem aos nordestinos, reproduzo um monólogo do insubstituível Paulo Vanzolini, na sua obra produzida lindamente pelo Ítalo Perón e gravada em disco e vídeo, intitulada ACERTO DE CONTAS.

No início do século passado, João Suassuna, pai do grande Ariano, era governador da Paraíba.

Foi convidado pela comunidade de Piancó, interior da Paraíba, para uma inauguração. E para abrilhantar o evento, convocaram Zé Limeira, grande repentista, para homenagear o governador e sua esposa.

Zé Limeira era um tipo peculiar. Só andava a pé. Nem de carro, de ônibus, bicicleta, de avião. Simplesmente perguntava:

– Onde é a festa?

– É em Piancó – responde o organizador da homenagem.

– Tiro em três dias – responde Zé Limeira, calculando o trajeto a pé.

Lá chegando, muita festa, rojões e o governador e sua esposa no palanque.

Chamam Zé Limeira para a homenagem que se apresenta assim:

Eu me chamo Zé Limeira

Cantadô que tem ciúme

Brisa que sopra da serra

Fera que chega do cume

Brigada só de peixeira

Mijo de moça solteira

Faca de primeiro gume.

Em seguida, dirige-se à esposa do governador.

– Minha senhora, me dê um mote para eu glosar.

A esposa do governador pensa, pensa e sugere um verso de Casimiro de Abreu, do poema Meus Oito Anos:

– “que os anos não trazem mais”.

Manda o Zé Limeira:

O velho Tomé de Souza

Governador da Bahia

Casou-se e, no mesmo dia,

Passou a pica na esposa.

E fez como a raposa

Comeu na frente e atrás

E foi pra beira do cais

Onde os navio traféga,

Enrabou o padre Nobréga

Minha senhora, os ânus não voltam mais.

FRASE DE BOTECO

Se passando álcool nas mãos, você fica imune a bactérias,

Bebendo então, você fica quase imortal.

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