DEDO DURO DOMÉSTICO por Mário Rubial

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Quarentena em casa é fogo. Principalmente para um botequeiro como eu.

Já escrevi neste mesmo espaço: pelas minhas origens familiares e profissionais – publicitário adora um happy hour – não poderia ser um fiel frequentador de igrejas. Sem falar no meu tempo de estudante de Direito. No Mackenzie, onde o bar MacFil que ficava próximo, era meu segundo lar. E local de estudo principalmente nos dias de prova, tentando aprender, em 60 minutos, um livro do tamanho de dois tijolos para a prova que seria dada nas próximas horas.

Fui tão fiel ao MacFil que minha festa de formatura foi lá, sob as bençãos do Augusto, dono do bar.

Mas voltando à quarentena, na impossibilidade de visitar botecos para os embates etílicos, mantenho a rotina em casa na companhia da Cris, minha companheira há 50 anos. E que me conheceu botequeiro, sempre responsável, não exagerando nas doses e respeitando os horários.

E claro, não é a mesma coisa. Faltam os companheiros e as conversas sem pé nem cabeça, que geram embates enciclopédicos onde todo mundo é catedrático de alguma coisa.

Mas, obviamente, Dona Cris sempre dá uma espiadela para ver se não estou exagerando. É normal.

Quando estou sorvendo um destilado, não há problema naquela dose a mais. A tampa do whisky não faz barulho e eu despejo a última bem “chorada”. O que não consigo com a lata de cerveja e seu maldito lacre.

Não tem jeito: é impossível abrir a latinha sem fazer barulho. E claro, você se autodenuncia na saideira.

Acho mesmo que a Lei Maria da Penha exigiu dos fabricantes esse infame “alarme”.

E que ninguém reclame: saideira é uma instituição e não tem papo.

Se não acreditam, perguntem ao Rafael Cury, meu amigo de copo e de Rio.

É só entrar no YouTube e buscar o belo samba Quando Acabar.

FRASE DE BOTECO

Deve-se beber moderadamente, isto é, um pouco todos os dias. Isso não sendo possível, beber muito sempre que der. Mas o abuso, como a moderação, tem que ser aprendido. O amador que abusa tende a ser desabusado.

Millôr Fernandes

Decálogo do bom bebedor – 1971

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