O IDIOMA ITALIANO. NO JEITINHO BRASILEIRO. Por Mário Rubial

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Meu amigo Júlio de Andrade publicou, no site OTRECOCERTO, interessante matéria sobre o idioma italiano.

Mostrou com muita clareza todos os dialetos falados na querida “bota”.

Comentei que havia no Brasil mais uma variação do idioma: o “portuliano”.

E que houve até mesmo um especialista no assunto: Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, engenheiro, mas que se apresentava como Juó Bananère.

Bananère percebeu que os italianos aqui chegados no final do século 19, e no esforço de se adaptarem, criaram um dialeto. Misturaram com muita naturalidade o português com o italiano. E acreditem, até os dias de hoje, nos bairros de origem italiana como Bexiga, Belenzinho, Brás e Mooca, é possível sentir o jeito cantado desse “idioma”.

E para entender, nada melhor do que usar a própria definição do Juó:

– é uma maneira de scrivê, chi a gentil screvi uguali come disse.

Ou então a paródia da Canção do Exílio de Gonçalves Dias:

– Migna terra tê parmeras,

  Che ganta inzima o sabiá.

  As aves che stó aqui,

  Tambê tuttos sabi gorgeá.

Tudo isso e muito mais, está no livro La Divina Increnca e pode ser facilmente encontrado.

Para nós paulistanos, temos ainda a referência do grande Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato.

Um bom exemplo é o Samba Italiano, cuja letra vai no mesmo embalo do Bananère.

Gioconda, piccina mia

Va brincare in mare nel fondo

Ma atenzione coli l tubarone, hoi visto?

Hai capito, mio San Benedito?

Piove, piove,

Fa tempo que piove qua, Gigi,

E io, sempre io

Sotto la tua finestra

E voi senza me sentire

Ridere, ridere, ridere

De questo infelice qui

Ti recordi, Gioconda

Di quella sera in Guarujá

Quando il mare te portava via

E me chiamaste: Aiuto, Marcello!

La tua Gioconda ha paura di quest’onda

Dicitencello vuje

Come ha dito Michelangelo

Oioioioioioi!

Minha avó materna era italiana, de Frosinone.

Quando crianças, eu e primos passávamos o domingo na casa dela. E, vez por outra, alguém gritava uma expressão com a palavra fica:

Dizia Dona Serafina:

– Va via! Ma que parolacce!

É que fica em italiano, significa xoxota.

E para terminar uma passagem verdadeira quando minhas tias italianas vieram morar no Brasil:

Um dia chegaram em casa, e disseram para mim, indignadas:

– Mário, que coisa nojenta é o Brasil.

Perguntei qual o motivo?

– Na Rua Viera de Morais tem um prostíbulo, escancarado. Sabe o que estava escrito?

– Fica aberta dia e noite.

Na verdade era uma farmácia.

FRASE DE BOTECO

E já que estamos nesse assunto, uma poesia “romântica” em italiano.

Se il vigor va bene, avanti con el pene.

Se il vigor amengua, avanti com la lengue.

Se il vigore e quedo, avanti com el dedo.

Ma, se vigore e nulo, avanti com el culo.

Pero sempre avanti!

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