Estou no final do delicioso livro de crônicas do Antônio Maria.
Reunidas cuidadosamente no livro VENTO VADIO, cada crônica é uma espetacular viagem aos anos 50 e 60 com histórias saborosas do Maria e seus amigos, Di Cavalcanti, Vinicius de Moraes, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e muitos outros.
Roubei do Maria a crônica A memória dos nossos feitos.
Numa mesa de bar, para variar, Maria e amigos discutiam como seus nomes seriam aproveitados pela prefeitura para homenagear os feitos daquela turma.
Por exemplo, Rubem Braga é nome de praça. Portanto, Praça Rubem Braga; Vinicius de Moraes é nome de transatlântico. Um jornal noticiaria: “A bordo do Vinicius de Moraes chegou a esta cidade fulano de tal.” E seguia por aí .
Lembrei de amigos que tive o privilégio de conhecer e compartilhar muitas aventuras. E seguindo a sugestão de Antônio Maria, poderia começar com:
“Inaugurado o Centro de Atendimento Solidário Fausto Camunha.” Nada mais adequado já que o Fausto é o padroeiro das causas urgentes e impossíveis.
Enfim, criado o “Centro Etílico Gastronômico Noro & Cury,” sob o comando dos experientes João Noro e Gerson Cury. E aproveitaria o prazeroso local para comemorar, por exemplo, meu aniversário que acontece na data em que escrevo esta crônica: 6 de abril. E daria um jeito de chamar o Alê, meu filho que mora na Austrália e que aniversaria no mesmo dia.
Aliás, essa coincidência de datas gerou, na época do nascimento do Alê, uma divertida disputa entre este escriba e Paschoal Ceglia Neto, grande amigo que infelizmente nos deixou há alguns anos.
Trabalhávamos na Editora Abril e corria o ano de 1978. Lembrando que naquela época não havia equipamentos que pudessem confirmar o sexo dos bebês e nem a data correta do parto. A menos que houvesse algum problema que exigisse um ultrassom, a maioria dos médicos era conservadora: esperavam as primeiras contrações para seguir para a maternidade.
No dia 5 de abril, a Cris começou a sentir as primeiras contrações. Fomos correndo para a maternidade. E bingo! No dia 6 de abril, de parto normal, nasce Alexandre Rubial Monteiro. Saudável, chegando para fazer companhia para a Daniela, sua irmã.
E, claro, aproveitei e criei mil histórias. Que através de um preciso cálculo matemático, reuni todas as informações para que o nascimento do Alê fosse no mesmo dia do meu aniversário. Tudo isso rendeu grandes brincadeiras.
Meu amigo Paschoal também estava na expectativa do nascimento do Giuliano. E que, pelas projeções, nasceria entre 17 e 20 de maio. E o Pasca faria aniversário no dia 18! E deu-se o esperado. Foi necessário fazer a cesariana já que o parto normal estava difícil. E Giuliano veio ao mundo no dia 18 de maio de 1978.
Paschoal não teve dúvida: a primeira coisa que ele fez foi entrar na minha sala e com toda a pompa do mundo, anunciou:
– Não é só você que tem o filho nascendo no dia do seu aniversário. Eu também consegui. O Giu nasceu no dia do meu aniversário.
E sabendo de toda a história, disparei:
– Foi parto normal ou cesariana?
– Cesariana, respondeu ele.
E rindo muito falei:
– Ora, assim não tem o mesmo valor. A cesariana pode ser programada. O meu filho nasceu de parto normal.
O calabrês ficou vermelho de raiva. Mas, claro, tudo terminou em grandes comemorações.