Descendente de italianos, sou apreciador da deliciosa culinária daquele simpático país.
Minha memória indica que nossa família – um monte de gente – reunia-se na casa da dona Serafina, a nonna querida que preparava o almoço do domingo para umas 10 pessoas, pelo menos.
Era uma casa modesta na Estrada da Casa Verde, hoje rebatizada de Avenida.
O ritual era simples.
Chegávamos munidos de carne moída, ovos, farinha de trigo São Jorge e uma bagunça dos netos… incontrolável.
Dona Serafina era muito rápida. Andava de um lado pra outro sempre apressada e falando o bordão, famoso entre toda a família:
– Va via, va via… e passava atropelando tudo o que estivesse à sua frente.
Enquanto os netos brincavam, dona Serafina partia para fazer o almoço.
Simples, mas delicioso! Aliás, qual comidinha não fica gostosa feita pela nonna?
O menu era o de sempre: fettuccine a bolognesa, frango e amor de avó.
E ela fazia da forma mais rudimentar possível: espalhava a farinha de trigo pela mesa, algumas gemas de ovo e misturava rapidamente com as próprias mãos. Deixava a massa descansar por algum tempo e depois separava pedaços “esticados” com cabo de vassoura e cortava a massa com uma faca toda desdentada. Feitas as tiras, todas perfeitas, deixava para secar por algum tempo até levar à água fervente.
Almoço dos deuses!
Vida que segue.
Certo dia combinei com a Cris que iríamos fazer a massa para o fettuccine da dona Serafina.
E mãos à obra.
Procedimentos iniciais e começo misturando com as mãos a farinha e os ovos. Não demorou dois minutos meus braços começaram a doer. A Cris ajudou a terminar com extremo sacrifício. Claro, não tínhamos a prática da nonna.
Resultado: terminamos de qualquer jeito, enrolamos a massa e tentamos cortar em tiras.
Foi a pior massa que comemos em nossas vidas. Aliás, tentamos. Estava tão ruim que desistimos.
FRASE DE BOTECO
Avó, mãe com açúcar.
Lauro Müller