Isso mesmo. Não estou ficando louco. No meio de tanta violência verbal, ofensas de todos os tamanhos e gravidades, nada como iniciar o dia lendo um texto do Manoel de Barros.
Em crônica publicada em PAPO DE BOTECO no site GENTE QUE FALA, conto como fui levado a conhecer e me encantar irremediavelmente pelo querido poeta pantaneiro. Foi pelas mãos de outro gênio, Millôr Fernandes.
Desde criança fui estimulado a ler. Mas o que me motivou definitivamente foi o professor de literatura no curso Clássico do Colégio Pais Leme, por volta de 1959.
Itúrbides Bolívar de Almeida Serra, baixinho, atarracado e uma bela barrigota que ele mantinha com muito esmero tomando chopp com seus alunos no Simbad, lanchonete que ficava ao lado do colégio, na Rua Augusta.
Criou um “programa de rádio” que era apresentado pelos alunos. Isso mesmo. Da forma mais improvisada possível formamos grupos de 5/6 alunos, onde cada um tinha uma função: redator, repórter, comentarista, etc. Tudo improvisado, microfone e o que mais precisasse em plena sala de aula.
Foi uma grande sacada pois aprendemos a pesquisar, criar e apresentar um programa… de rádio.
Mas voltando ao Manoel de Barros, um pouco antes dele morrer a Editora Leya lançou uma caixa com 18 livretos do poeta.
Quando fico desanimado com as coisas do Brasil, vou até minha pequena – mas deliciosa e adequada biblioteca – que mantenho no meu apartamento e escolho um poema do poeta.
Vejam este que já publiquei mas continuo gostando, principalmente para os dias de hoje, tudo tão rápido.
A TARTARUGA
Desde a tartaruga nada era tão veloz.
Depois é que veio o Ford 22.
E o asa dura (máquina avoadora que imita os pássaros e tem por alcunha avião).
Não atinei até agora por que é preciso andar tão depressa.
Eu tenho.
Até há quem tenha cisma com a lesma porque ela anda tão depressa.
A gente só chega ao fim quando o fim chega!
Então pra que atropelar?
FRASE DE BOTECO
Quem tem pressa come cru. Ou queima a boca.
Ditado popular