Ação global para combater o terrorismo – por Arnaldo Jardim

0
1165

O ano de 2015 marcou mais um capítulo na história recente da humanidade, uma época que começou em 11 de setembro de 2001, com o ataque às torres gêmeas do World Trade Center em Nova York e que agora, colocou na França uma cicatriz quando vidas de inocentes foram ceifadas pela justificativa de uma “guerra santa” insana.

Os atentados terroristas promovidos pelo grupo Estado Islâmico (EI), no dia 13 de novembro, estão nesse contexto histórico, político e religioso.

Foi a segunda ferida aberta no peito dos franceses, que já tinham sofrido com o massacre dos funcionários do Jornal Charlie Hebdo, em 7 de janeiro.

Os atentados à Paris, a ação terrorista mais mortal na Europa nos últimos 11 anos com 129 vítimas, são tristes e nos levam a repudiar extremistas, que não se importam com a vida, praticam atos alegando um fundo religioso e que são de um fanatismo injustificável.

Certamente Alá os condena ao ver vidas sendo desperdiçadas. O Papa Francisco e praticamente todos os líderes de todas as religiões, condenaram os ataques. Conclui-se que tudo isso não é coisa de Deus, mas dos homens, maus homens.

Esse cenário deve motivar mudanças urgentes em todo o planeta – sociais, ambientais, políticas e econômicas. Os recentes acontecimentos deixam evidentes que são necessárias novas estratégias de ação para coibir o terrorismo. A cada ataque sofrido por uma nação, aumenta a pressão para fortalecer o poder da polícia dos Estados mais democráticos e amplia a aceitação de ideias autoritárias para fomentar a segurança.

Apesar de não haver dúvida de que Paris se recuperará, é fato que os ataques vieram em um momento sensível, tanto na história da França quanto na da Europa e do mundo, aumentando a sensação de insegurança que vem sendo semeada desde 2001.

É preciso reduzir o poder militar do radicalismo islâmico, algo que ainda se prolongará por várias gerações. É necessário estimular a autocrítica entre os mulçumanos, além de garantir a proteção da sua maioria moderada dos ataques desses radicais.

Chegou o momento de colocar em xeque opiniões dogmáticas ultrapassadas, analisar conjuntamente como a intolerância pode ser combatida em nome de uma sociedade que se respeita.

Estamos falando de um grupo de extremistas que quer impor sua ideologia por meio de violência e terrorismo. Não podemos confundi-los com toda a comunidade mulçumana, que precisa ser protegida. Além disso, é preciso estimular o diálogo entre as religiões, para buscar o entendimento.

A França, por exemplo, tem mais de 5 milhões de mulçumanos imigrantes e descendentes. Então é necessário introduzir o diálogo dentro das escolas, estimular a missão cívica em cada família.

Os líderes políticos, por sua vez, precisam encontrar caminhos para redução de tensões. O que vemos hoje em dia é o constante recrudescimento das disputas com base numa visão imediatista dos seus interesses econômicos.

Os recentes ataques e as constantes ameaças por parte do EI podem se tornar também um catalisador para uma mudança na política internacional. França, Rússia e os EUA aceleram o processo de aliança global contra o EI, formando uma grande coalização para dissolver os principais problemas na região, principalmente sobre o futuro sírio.

As atrocidades cometidas em Paris aumentaram a pressão sobre os países membros do G-20, para que adotem medidas mais enérgicas e sanções econômicas para coibir as ações do EI na Síria que há quase cinco anos vive uma guerra civil fazendo com que centenas de milhares de pessoas buscassem na Europa segurança e novas oportunidades. Esse movimento vem gerando muita polêmica nos países da Comunidade Europeia, que se dividem em apoiar os refugiados, por questões humanitárias, e escurraçá-los, por questões de preconceito e até econômicas.

Mesmo diante do pedido da Organização das Nações Unidas em não transferir a responsabilidade dos atos aos refugiados da Síria em território europeu, os incidentes podem colocar em xeque as políticas migratórias, com o objetivo de dificultar a entrada de terroristas.

Enfim impõe-se o desafio de enfrentar militarmente o EI, mas o buraco é mais embaixo. É necessário construir pontes, fortalecer os grupos religiosos moderados e estimular diálogos entre correntes. Diminuir as diferenças econômicas e de acesso à educação, enfim como diz a encíclica papal “O desenvolvimento é o novo nome da Paz”!

19/11/2015

Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor digite seu nome aqui

14 + três =